A gente sabe o que é que as empresas fazem com a gente.
Sugam oito horas do nosso dia – sem contar o almoço. Aliás, tem gente que
almoça na empresa e acaba ficando oito horas dentro daquele espaço. Que mais?
Retém nossa criatividade, nossa disposição, nosso amor e afeto. Tudo isso no
meio de pessoas esquisitas, que a gente não se relacionaria sem um salário. E
aqui resumo em dois pontos o que as empresas fazem.
Um: nos obriga, em nome do profissionalismo e da
produtividade, a ser afetuosos com pessoas horrendas.
Dois: nos obriga, também em nome do profissionalismo e da
produtividade, a não ser tão afetuoso quanto gostaríamos com pessoas que são
milagrosa e surpreendentemente interessantes e com quem tenhamos bastante afinidade.
Isso aconteceu com o leitor número dois, o Leonardo Vinhas.
Ele foi meu chefe por algum tempo, mas, apesar disso, sempre se mostrou uma
pessoa muito bacana, o que gerou imensos conflitos em mim. Eu tinha medo de
agradá-lo, sob pena de parecer que estava puxando seu saco. Mas às vezes tinha
medo também de exagerar nisso, e parecer que não gostava dele de jeito nenhum.
No fim, quando acabei não sendo mais chamado para a empresa,
perdi algum dinheiro. Mas fiquei contente por outro lado, já que poderia,
enfim, ser espontâneo com o Léo. E, desta maneira, pude chamá-lo para ler uma
das poesias do meu livro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário